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Querido leitor, quero trazer Epicuro para nossa reflexão de hoje. Para ele, o fim natural do homem é o prazer, mas o prazer sábio. Uma dieta de pão e água podia ser tão prazerosa quanto os mais requintados pratos.
No tempo desse e de alguns outros filósofos contemporâneos, o que havia na Grécia era Atenas de um lado do Mar Egeu ensinando filosofia, e Alexandria de outro, nas margens do Mediterrâneo, ensinando medicina. Essas duas culturas viviam harmoniosamente. Os filósofos eram conhecidos como médicos das paixões.
Para Epicuro, uma importante doença é a ansiedade e pesquisava uma cura. Ele acreditava que o que provocava a ansiedade nos homens era um convívio de competição, onde as pessoas queriam ser mais do que as outras. Assim, o filósofo passa a trabalhar para provar que não existe nada após a morte. Os deuses podem até existir, mas eles não estão preocupados com você. “Se eu sou um Deus Todo Poderoso, por que é que eu vou me preocupar com um simples e reles mortal?”, afirmava o filósofo.
Se não existe nada após a morte, ensinava Epicuro, então saia dessa ansiedade, se livre dessas competições e vá curtir a vida, vá ter prazer. O prazer para Epicuro, como disse, é o prazer sábio. É como beber um copo d’água; você vai beber quando está com sede e vai beber somente o tanto que te satisfaz, aí você tem o prazer sábio.
Metaforicamente, podemos trazer o epicurismo e sua teoria sobre a ansiedade para os dias de hoje. Quais são os teus deuses? O que é que te deixa ansioso? Os teus deuses são a comida? A bebida? A busca pela riqueza? Tu tens alguns quilinhos a mais? O namorado ou a namorada que não te quer? O que tu elegeste de tão importante que passa a ser o teu deus a ponto de ficar ansioso?
Se você passar a perceber que esses deuses não estão nem aí para você, não estão tão preocupados com você, a sua ansiedade diminui.
Sobre o prazer para Epicuro não é o mesmo que saber parar, é saber até que ponto eu tenho prazer. É como chupar uma jabuticaba e você nunca chupar o amarguinho da jabuticaba. Você é tão educado na sensibilidade que sente o néctar até o ponto certo do doce e antes de chegar ao amarguinho você para. Essa é a sabedoria epicurista.
Lembrando que isso era assim para Epicuro. E para você, como é o prazer sábio?
Beto Colombo