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Kahlil Gibran pondera sabiamente que nossos filhos não são nossos filhos, são os filhos e as filhas dos desejos que a vida tem de si mesma. Talvez uma das chaves desta relação que causa muito trauma esteja aqui, no pronome possessivo, no “nossos”. Dizer que os filhos são nossos é o mesmo que o mar afirmar que o rio é de sua propriedade.
Para mim, ninguém é de ninguém como posse. Datada do século XVII, a Carta do Chefe Seatle também corrobora com esta ideia quando estampa que “a terra não pertence ao homem, o homem é que pertence a terra”.
Em relação aos filhos, é provável que nosso papel como pais é que sejamos pontes. Eles vêm a este plano por nosso intermédio, saem do plano sutil e vêm para o denso. E, pelo que me consta, não encontrei pontes requisitando a paternidade dos que sobre elas passam. Pontiféx, ligação, união entre pólos e margens.
Talvez como pais, devamos falar e mostrar os perigos que nossos filhos podem enfrentar, das fortes corredeiras, de possíveis quedas de água. Mas não há outro jeito deles serem eles se não se jogando na água. “Deixem-nos livres”, sugeriu Gibran, livres para serem eles mesmos.
Vejam o exemplo dos rios. Todo rio deságua no mar e como rio me parece que só adoecemos quando represamos. Nossos filhos vieram para ser eles mesmos, com suas escolhas ainda na tenra idade e a cada ano vão construindo a si, marcando seu espaço nas suas jornadas, fazendo história.
Alguns pais protegem tanto seus filhos, criam “represas” que tiram a oportunidade de serem eles. Muitas vezes até transferem seus sonhos, vontades e desejos. Eles acabam vivendo um script que na verdade é dos pais.
Amor talvez não seja apego. Este, o apego, geralmente segura, prende, paralisa, fecha. Já aquele, o amor, faz movimentar, abre, solta...
É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre filhos?
Beto Colombo