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Sócrates nas Organizações

Sócrates nas Organizações

Ao convidar um colega empresário para fazer especialização em Filosofia Clínica na Unesc, ele me questionou sobre a utilidade da Filosofia nas Organizações. Pelo que já li sobre Filosofia Clínica, ela trabalha com a singularidade, disse-me ele, porém, em algumas palestras, seminários voltados a gestão, tenho ouvido por muito tempo que como líder, como gestor, precisamos ter resposta fortes, receitas prontas em mente e quando nos deparamos diante de uma equipe e que a resposta for eu acho, provavelmente ou não sei, essa segundo eles, é a fórmula do fracasso como administrador.

O filósofo grego Sócrates nos diz: “Sei que nada sei de tudo quanto sei”. Essa máxima socrática representa para mim a postura inicial de um filósofo clínico diante de questões pessoais. Nada sei acerca da pessoa que está diante de mim, o que ela vivenciou, o que é importante para ela, que experiências determinaram seu modo de ser, quais os acervos agendados, como ela prefere se expressar, se é pela escrita, se é pela fala, etc. Enfim, não sei nada a respeito da pessoa que se apresenta diante de mim, só isso já seria o suficiente para que tudo que eu afirmar, sugerir, propuser, concluir, julgar ou até avaliar neste momento será a respeito de minhas experiências, aprendizados, agendamentos e não da pessoa que se encontra diante de mim. Mais ainda: “nada sei de tudo quanto sei”, ou seja, meu próprio saber é questionável, precisa ser constantemente reavaliado, aperfeiçoado.

Às vezes, como administradores, esquecemos que existem outras perspectivas além das nossas e acabamos impondo nosso modo de ser, de viver, de pensar. Quando impomos nosso ponto de vista, nossas ideias, sem antes ouvir atentamente o outro, cometemos um ato violento para com o outro que não vê o mundo da mesma forma que vemos.

Quando o assunto for de natureza técnica até pode dar certo, porém, quando for de fórum íntimo, pessoal, a melhor resposta é não sei. Quando um colega te perguntar: “No meu lugar o que você faria?”, não caia na armadilha de dar uma resposta pronta, um aconselhamento, esse conselho provavelmente servirá apenas para você que o aconselha.

Sobre a pessoa diante de você, a não ser que você conheça a historicidade dela, você está diante de um desconhecido. É como no dizer de Sócrates: “Só sei que nada sei”. Sendo assim, não tenho o direito de afrontá-lo mesmo com a sua permissão.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre saber?

Beto Colombo